quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

A massa que elas gostam

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Um amigo meu, apaixonado por massas, me disse uma vez que se tivesse que escolher uma comida para comer para o resto da vida essa comida seria o macarrão. Não pude deixar de concordar com ele: acho realmente que o macarrão é um dos pratos mais versáteis que existe, basta mudar o molho que ele se torna um prato diferente a cada dia.

Refazer a história desse prato, contudo, pode despertar discussões acaloradas, pois muitos povos afirmam serem os inventores desta deliciosa massa. Há referências a uma papa de farinha cozida em água (cujo nome era pultes) na Roma antiga, mais ou menos no século XVII. A versão que quase todos conhecem é a de que o macarrão teria chegado ao ocidente graças a Marco Polo, um mercador de Veneza que visitou a China no século XIII. Mas essa versão não parece ser muito confiável, já que em 1279, 16 anos antes do retorno de Marco Polo à Itália, há um registro de que foi encontrada uma cesta de massas no inventário de bens de um soldado genovês. A palavra macaronis, usada no inventário, seria derivada do verbo maccari, de um antigo dialeto da Sicília, que, por sua vez, vem do grego makar.

O mais provável mesmo é que o macarrão tenha se originado no Oriente: há referências a uma massa ancestral do macarrão (chamada itriyah) no Talmud de Jerusalém, que é uma compilação de leis e preceitos judaicos. O itriyah, teria se espalhado por todo o mundo árabe e chegado à Sicília por volta do século IX, quando os árabes conquistaram essa ilha italiana. Acredita-se, nessa época, que o alimento era usado exclusivamente em sopas. O hábito de comer o macarrão como prato principal nasceu na Itália e foi difundido para todo o mundo a partir do século XVIII, chegando, no Brasil, com a imigração italiana, no século XIX.

Esse da foto é o que fiz ontem, aqui em casa (a foto é do Rafael Medina): com molho de tomates (ou ao sugo, se preferirem). Vejo muito esse molho sendo usado com espaguete (o clássico spaghetti ao sugo), mas a massa que eu acho uma delícia com ele é o talharim. Uso uma que é com espinafre, pois acho legal o verde da massa contrastar bem com o vermelho dos tomates.

A receita é bem simples, aí vai:

Macarrão com Molho de Tomates
Ingredientes:

- 500 gramas de talharim, com espinafre;
- 8 tomates bem grandes, sem casca e sem sementes (eu prefiro usar os italianos, aqueles com o formato alongado, que são mais doces, mas você também pode usar o redondo mesmo, desde que bem maduros);
- 1 cebola grande, bem picada;
- 7 a 8 dentes de alho (eu adoro alho e, pra mim, essa quantidade é ideal, mas sei que nem todos são apaixonados por esse tempero, então use-o ao seu gosto);
- Azeite a gosto;
- 1 colher de açúcar (diria que é mais ou menos isso, pois a quantidade de açúcar vai depender do doce do tomate, dessa forma, é só provando mesmo que você vai encontrar o equilíbrio correto);
- 1 colher de vinagre balsâmico (esse vinagre tem uma acidez adocicada, que combina com os tomates);
- Sal a gosto;
- Manjericão fresco a gosto (só as folhas);
- manjericão seco a gosto (muitos torcem o nariz para o manjericão seco, mas eu acho que, nesse molho, ele reforça o aroma do manjericão fresco);
- 1 pimenta dedo de moça sem, as sementes e finamente picadas (a pimenta é opcional);
- queijo parmesão ralado na hora (ontem usei provolone de búfala em lascas, fica ótimo com o molho de tomates e é super fácil de achar);
- 2 tabletes de caldo de galinha ou legumes (o ideal, aqui, é fazer um caldo caseiro, fervendo a carcaça do frango ou os legumes com tempero e água, mas como não tenho disposição para tanto, acho que o caldo industrializado cumpre bem o seu objetivo);

Modo de fazer:
Aqueça o azeite numa panela e refogue o alho e a cebola. Gosto de deixá-los bem dourados, o que dá um sabor mais acentuado ao molho. Acrescente os tomates picados, refogue tudo muito bem e jogue um pouco de água, para que tudo vá se incorporando. Depois de mais ou menos três a cinco minutos, tempere com o vinagre, o açúcar, o sal e a pimenta, acrescente mais água e deixe apurar. Nesse momento, você tem que ficar tomando conta para que o molho chegue a uma consistência meio cremosa, com uma boa cor vermelha e um sabor equilibrado entre acidez e doçura (para isso, talvez seja necessário acrescentar mais água para atingir a textura ideal). Coloque o manjericão seco, deixe ferver um pouco mais, desligue o fogo e misture ao molho o manjericão fresco.

Para ferver a massa, aconselho usar uma panela alta de fundo grosso e uma boa quantidade de água. Ferva até que ela fique al dente.

Coloque um pouco do molho em pratos individuais (para essa quantidade da receita, mais ou menos umas quatro porções), acrescente a massa em cada um deles, jogue um fio de azeite por cima, coloque mais molho e polvilhe com as lascas de queijo. Sirva com um vinho tinto bem leve ou um branco gelado. É um prato simples, fresco e aromático que vai agradar a todos!

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