quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

Rio, 40 Graus

E em homenagem ao verão, aí vai L'Estate (O Verão), o famoso concerto de Vivaldi, que pertence às Quatro Estações. Para quem não sabe, As Quatro Estações fazem parte de uma série de doze concertos denominada Experiência de Harmonia e Invenção. Alguns historiadores da música dizem que estes quatro concertos foram construídos em cima de quatro sonetos, cada qual falando sobre uma estação. A autoria deles é desconhecida, embora muitos afirmem que foi o próprio Vivaldi que os escreveu. Aí vai uma tradução livre do soneto sobre o verão:

Sob a dura estação, incendiada pelo sol,
Lânguidos homem e rebanho, arde o Pino.
Liberta o cuco a voz firme e intensa,
Canta a corruíra e o pintassilgo.

O Zéfiro doce expira, mas uma disputa
é improvisada por Boreal com seus vizinhos.
Lamenta o pastor, porque suspeita
de uma feroz borrasca: é seu destino enfrentá-la.

O temor dos relâmpagos e trovões
toma dos membros lassos o repouso.
E de repente inicia-se o tumulto furioso!

Ah! no mais, o seu temor foi verdadeiro:
Troa e fulmina o céu, é grandioso o vendaval
que ora quebra as espigas, ora desperdiça os grãos de trigo.

Vivaldi, nessa obra, não nos mostra um verão alegre ou leve. Pelo contrário, já no primeiro movimento a música sugere um ambiente pesado, tenso, nos remetendo ao calor sufocante e ao sol que tudo arde. Sentimos, no segundo movimento, o pesar do pastor que sente a tempestade de verão chegar, prestes a arruinar todo o campo. E, de fato, no terceiro movimento, ela chega com toda a sua força e vigor. Esse verão de Vivaldi é dramático, bem parecido com o nosso e, para mim, é o melhor das Quatro Estações.





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